Pesquisa alemã confirma: trocar faz mal
Entra
ano, sai ano…
A dança dos treinadores |
… e nada muda ou pouco muda:
o Brasileiro da Série A parece um palco de teatro onde uma companhia de dança
se exibe. Os bailarinos, que me desculpem a franqueza, são toscos, fisicamente.
Seus perfis, digamos, deixam a desejar (claro que nem ouso me gabar do meu, mas
essa é outra história) em relação às silhuetas esguias que vemos nos teatros e
filmes.
Falando nisso, rever qualquer filme de
Fred Astaire é garantia absoluta de momentos de magia. Recomendo.
Ah, é verdade, já deve ter gente
confusa com essa mistura de futebol com Fred Astaire, mas tem tudo a ver (fora
as silhuetas, fora as silhuetas), pois estou tentando falar, e hei de
conseguir, sobre a Dança dos Treinadores (...)
É possível observar uma tendência de
queda nessa prática, desde a introdução dos pontos corridos, apesar dos
repiques de 2008 e, principalmente, 2010. E, claramente, não dá para não dizer
que essa é mais uma influência benéfica desse sistema, ainda combatido por bom
número de torcedores, dirigentes e jornalistas.
Pesquisa alemã confirma: trocar faz mal
Como podemos ver no gráfico no futebol brasileiro |
E chegamos agora à razão de ser desse
post.
Na edição da Folha de S.Paulo dessa
véspera de Natal, uma matéria mostra pesquisa alemã que confirma velha tese:
trocar treinador faz mais mal que bem. Ao falar isso, é claro, estamos pensando
no curto prazo, como é praxe entre nossos clubes, que trocam treinadores para
disputar metade do campeonato ou, muito pior, cinco ou dez rodadas finais.
A pesquisa, conduzida pelo Professor
Bernd Strauss, da Universidade de Muenster, na Alemanha, mostrou que trocar o
treinador não produz resultados positivos dentro de campo em poucos jogos.
Muitos citarão exceções, de times que reagiram e obtiveram bons resultados,
mas, como já disse, são exceções à regra geral.
A pesquisa analisou 14.018 jogos
da primeira divisão do Campeonato Alemão, a partir de 1963. Para o estudo foram
considerados somente times que disputaram pelo menos 10 jogos antes e depois de
trocar o treinador, além de terem participado da edição seguinte do campeonato.
O resultado obtido mostrou que nada menos que 82% dessas equipes
apresentaram desempenho pior com os novos treinadores.
Considerando os pontos disputados, os
times grandes perderam nove pontos e os pequenos cinco pontos, em
média, com o novo comando técnico.
A pesquisa mostrou que a principal
razão para as trocas foi o baixo desempenho. Por outro lado, segundo os
pesquisadores, a influência do treinador nos resultados é de apenas 15%. Outros
fatores, como folha de pagamento e aspectos motivacionais e psicológicos,
respondem por parcela bem maior do desempenho. Esses dois últimos fatores,
entretanto, são de difícil mensuração.
Como curiosidade, o Eintracht Frankfurt
foi o clube que mais demitiu técnicos, num total de 20 vezes em 47 anos
na primeira divisão. Um técnico a cada 28 meses. Um técnico a cada 2 anos e 4
meses. Parece até brincadeira, não é mesmo? Se fizermos trabalho semelhante
entre nós, essa média não será atingida nem pelos clubes que por mais tempo
mantêm seus treinadores.
Outro resultado interessante: o técnico
húngaro Gyula Lorant e o alemão Joerg Berger foram os que mais perderam o
emprego devido aos maus resultados -seis vezes cada um. Nem preciso dizer que
temos treinadores que passam por isso também… Seis vezes em ano e meio ou dois
(sendo generoso).
Tudo isso diz muito sobre organização e
profissionalismo, inclusive, e principalmente, dos dirigentes alemães. Pensando
em Brasil, só podemos pensar em amadorismo por parte de quem dirige nossos
clubes.
A vantagem, para nós, é termos o
espetáculo da Dança dos Treinadores e assunto para encher as telas dos blogs e
sites. Ponto.
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